terça-feira, 2 de outubro de 2012

as crônicas de Ona -O resgate

Então galera as postagens estão começando a trazer autores, muito bons por sinal, então As cronicas de Ona, historia do Matheus Forny de Mello Moreira, baseado em aventuras de RPG, é ou parece que é, ele não especificou para mim ainda, conta o inicio da sega de Ona, um jovem em busca de vingança.





Volume 1: Resgate


         A carroça balançava em um ritmo regido pelas pedras da estrada. O chão arenoso e laranja era banhado sem nenhuma piedade pelo sol, e não havia nenhuma nuvem à vista para impedí-lo. Geralmente não havia. O deserto de Gohr, como era chamado na língua dos orcs que habitavam-no, era famoso por sua péssima recepção aos viajantes. A temperatura beirava cinquenta graus em um dia normal, afastando qualquer espécie de turista. Não que os nativos se importassem, afinal orcs não são a espécie mais receptiva.
     
        No entanto, a carroça seguia seu lento trajeto, solitária em meio a um inferno de pedras. Era puxada por dois cavalos cansados, conduzidos por uma mulher alta e esguia, trajando vestes e negras e longas, destacando-a no ambiente predominantemente laranja. Dentro da carroça, protegida do sol pelo tecido branco e grosso que a cobria, estavam organizados alguns arcos, várias aljavas cheias de flechas e duas sacas tilintando de moedas de ouro. E, no fundo do veículo, com suas pernas balançando do lado de fora e fisionomia cabisbaixa, havia um jovem.
     
         Ele tinha dezesseis anos, pele clara e cabelos ruivos e bagunçados. Era magro, e trajava uma camisa sem mangas e uma calça simples, ambas originalmente brancas, mas agora amarrotadas e sujas de sangue e areia. Seu rosto era fino e prolongado, com olhos grandes e verdes, nariz arrebitado, lábios pequenos e uma coleção impressionante de sardas. Uma longa e recente cicatriz se estendia do lado direito da sua face, começando na altura do olho e descendo até a mandíbula. Seu nome era Ona.
     
        - Garoto! - disse uma voz severa de frente da cabine - Estamos chegando ao acampamento. Vá se esconder dentro da carroça.
       
        O garoto obedeceu rapidamente e fechou a redoma, bloqueando a escaldante luz solar. Ele obedecia rapidamente às ordens de Loretta, a moça que estava conduzindo o veículo.
        
        Depois de alguns minutos, a carroça parou. Ona ficou calado, ouvindo Loretta saltar do vagão e amarrar os cavalos. Ela era alta e magra, mas ao mesmo tempo bem curvilínea. Seus cabelos era também longos, de uma cor negra, assim como o vestido longo que usava, alheio ao sol do deserto. De fato, era uma mulher impressionante em vários sentidos. Não que isso importasse a Ona. Aliás, pouca coisa importava para ele no momento.
    
       Ona vinha de uma família rica, que morava na cidade de Aikon, que significava "na borda do deserto". Sua vida era bastante feliz e pacata, e se resumia a ajudar nos negócios políticos da família. Aikon era contente, próspera e segura, até virem os orcs. E sua recém-adquirida política expansionista.
      
          O fato é que, cidades como Aikon raramente eram defendidas pelo governo central. As áreas próximas ao deserto eram muito perigosas, e as tropas de segurança se limitavam às montanhas que circulavam Gohr. Como resultado, a cidade foi massacrada. Ona foi o único sobrevivente, entre os corpos de amigos e família. A Ele e o que sobrou o dinheiro de sua família.
          
           Com esse dinheiro, Ona tinha planos. E bem grandes. Ao chegar na Fortaleza dos Mercenários, localizada no topo da montanha de Hift, na borda do deserto, descobriu o motivo da recém-adquirida vontade de expansão orc. Havia “algo” que contia as bestas, e elas o haviam capturado. Ona estava disposto a resgatar esse algo. Por isso, contratou os serviços um tanto quanto caros de Loretta, a Arqueira. E aqui estavam.
   
          Loretta apareceu pelos fundos da carroça, coletando uma aljava, um arco longo, e duas adagas.
        
           - Fique dentro daqui e não saia. A moça então fechou a redoma.
       
         Ona nunca foi corajoso. Sempre foi tímido, reservado e , até eventos recentes, pacífico. Só que sua curiosidade superava sua covardia por um palmo. Assim, ele espreitou lentamente para fora, e ficou em uma elevação, assistindo Loretta descer até o acampamento orc.

        O acampamento em si era algo bastante rudimentar. Uma dúzia de tendas de pele de animais diversos se espalhava, formando um semicírculo cuja abertura embocava na entrada da depressão. Pequenas colinas ajudavam a delimitar a área em que os monstros se encontravam. E, diretamente oposta à entrada, havia uma pequena construção móvel de pedra negra, com uma grossa porta metálica com barras.
  
         Perto dessa construção, havia cerca de duas dúzias de seres estranhos, semelhantes a lagartos, chamados de Recons. Eram bestas bípedes e carnívoras, cuja pele variava de verde brilhante a um negro sujo. Embora fossem ferozes, costumavam ser usados como montarias, tanto que uns ainda usavam arreios. Seus cavaleiros estavam dispersos pelo local, em uma visão que Ona pretendia não ver novamente.
   
         Orcs eram brutamontes. Tinha em média dois metros de altura e pele verde-clara, ressecada pela sobrevivência em Gohr. Ao contrário do dito popular, não eram musculosos, embora não se encaixassem à categoria de "magros". Eram simplesmente gigantescos. No entanto, a natureza lhes dispôs de armas mais ameaçadoras do que músculos. Seus dentes eram todos grandes e afiados, e sua resistência e força os tornava ameaça a qualquer um com bom senso. E, claro, havia as armas. Machados, principalmente. Grandes peças de ferro e madeira que chegavam a um metro, capazes de partir facilmente um homem em dois pedaços de carne. Junto com eles, roupas feitas de couro animal, cortadas de modo a proteger do sol. Não era exatamente um exército orc que estavam vendo, mas sim um bando de arruaceiros. 
    
         “Um bando de arruaceiros que conseguiu o que nenhum exército conseguiu”, pensou Ona. Não conseguia acreditar que eles tinham aprisionado o "algo". E também não conseguiu acreditar que estava os vendo novamente. A espécie daqueles malditos havia matado sua família, Seus amigos e destruído Sua cidade. Lágrimas correram pelo rosto de Ona e por sua nova cicatriz. Uma fúria latente voltou a se agitar em seu sangue. Que Loretta mate todos, pensou, embora houvesse uma pequena parte do seu corpo que duvidasse que aquela simples mulher derrotaria os monstros que fizeram o que nenhum outro havia feito. Pois bem, a qualquer momento descobriria, pois ela havia chegado à entrada do acampamento.
   
        Como já foi dito, orcs não são exatamente o grupo mais sociável. Era raro qualquer humano entrar em uma base deles. Assim, eles não têm uma segurança bem-feita, apenas o mínimo para evitar ataques de feras do deserto. No caso, dois vigias estavam patrulhando a entrada. Quando viram Loretta, ficaram um tanto quanto perplexos. Uma humana fêmea, vindo sozinho como gado para o abate? A dupla foi se aproximando dela, preparando seus machados. Quando viram o arco e a aljava, desandaram em correria até ela. Ona prendeu a respiração, antecipando a cruel morte da arqueira, que não tinha tempo de preparar o arco...
  
       O primeiro orc desferiu uma machadada horizontal, mirando o pescoço de Loretta. Ela se abaixou, e antes do movimento do monstro terminar, puxou a adaga de seu bolso e a arremessou contra o pescoço verde do inimigo. Ele soltou um som engasgado, e morreu no instante seguinte. Antes de o corpo cair, ela pegou a adaga do cadáver e lançou contra o joelho do segundo orc, que se aproximava correndo. Ele caiu, e enquanto estava descendo, a arqueira puxou outra adaga e cortou a garganta dele, se esquivando habilmente do novo cadáver.
  Ona ficou exasperado com a facilidade com que a mercenária se defendeu. E aparentemente os outros orcs também. Eles começaram a correr em direção à arqueira, enquanto ela tirava calmamente o arco das costas. Ela posicionou a arma, sacou uma flecha da aljava, e começou a matança. Ona mal a via atirando, nem as flechas no ar, mas via os orcs caindo. Cada tiro era fatal, e logo os corpos de uma dúzia deles estavam no chão, e seu sangue pintava de rubro o cenário do deserto.
  Com o tempo, os orcs remanescentes elaboravam uma nova estratégia. Eles se esconderam atrás das barracas, cuja pele de animal era grossa o suficiente para impedir as flechas de alcançarem seus órgãos vitais. Loretta aproveitou esse momento para alvejas as montarias. Enquanto os Recons agonizavam, a mercenária foi se aproximou do edifício negro. Ao perceber isso, os sobreviventes correram desesperadamente em sua direção.  Era o que a arqueira estava esperando. Ela pegou o arco e deu uma meia-volta em torno de seu eixo, atirando nos orcs remanescentes.
   
         A depressão ficou em silêncio, cheirando a sangue e morte. Loretta se virou, guardou o arco e entrou no edifício. Ona prendeu a respiração. Alguns minutos se passaram. De repente, a porta metálica se abriu, saindo a mulher apoiando um homem em seu ombro.

Ona viu aquilo e desceu correndo para encontrá-los. Aquele que Loretta resgatou era quem havia defendido Aikon durante vinte anos. O paladino dos oprimidos, que havia derrotado cem orcs em uma noite. Aquele que derrotou uma besta Hazaras com suas próprias mãos. O protetor de Gohr.

     Ankho, o Bárbaro, havia sido resgatado.










Texto de Matheus Forny de Mello Moreira



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